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Caminho do Lombo do Salão - Nº 13, 9370-174, Calheta

Socalco Nature Calheta – Restaurant With Rooms

A cozinha tem portas abertas, como se não existisse separação em relação à sala do restaurante. Parece um detalhe, mas diz muito sobre o conceito do Socalco Nature Calheta, o sonho do Chefe Octávio Freitas, tornado realidade.

“É um restaurante com quartos”, define em conversa com a Essential, precisamente nessa zona de transição para a cozinha, onde a equipa trabalha e os clientes observam, como se assistissem a uma peça de teatro.

Atum fresco, pargo, rúcula e funcho da horta. Esta foi a inspiração para este dia, num restaurante onde a cozinha funciona muito por “impulso e por instinto”, admite o chefe, para quem é importante “ir ao encontro da predisposição do cliente”.

O espaço tem o nome de ‘A razão’, mas não tem uma placa com menu à entrada, aliás, nem tem menu fixo. “Foi pensado para ir ao encontro das necessidades de quem está alojado, dar o máximo de privacidade”, explica Octávio Freitas, que se refere ao restaurante como “o meu ateliê”. E esta ideia diz muito sobre o conceito. Mas há um princípio: “Produtos frescos, o máximo de proximidade com os produtores e o máximo de interação local”.

Para além do restaurante os detalhes são a essência deste lugar, com 20 unidades de alojamento, todas diferentes e encaixadas na encosta abrupta, suavizada em socalcos, aos quais o hotel foi buscar o nome. «É um projeto que se sente!», sintetiza o chefe proprietário, que acrescenta: “estou a viver isto de uma forma descontraída”

O Socalco Nature Calheta acabou sendo algo totalmente diferente do que estava pensado. O terreno começou por ser adquirido para uma casa de campo para o chefe. “Apaixonei-me pelo terreno, para fazer um projeto pessoal. Mas ao desbravar o matagal acumulado por anos de abandono “fui descobrindo os socalcos” que mostraram um potencial maior.

Nasceu a ideia de fazer algo mais. Inicialmente foram pensadas três casas, combinando o facto de se tratar de um terreno agrícola, limitado na construção. O processo acabou num licenciamento hoteleiro de agroturismo com 20 unidades de alojamento.

Cada casa tem um nome, escolhido em função de um elemento que a rodeia: Casa do Ribeiro, Casa da Cascata, Casa da Gruta… Eram “nomes provisórios” enviados aos arquitetos na fase de projeto, que acabaram por se tornar definitivos.

As unidades nasceram da leitura do espaço. Por isso são todas diferentes. Na Casa da Cascata, a vista de uma das janelas dá para uma queda de água do ribeiro que atravessa a propriedade. Por detrás da cama, na Casa da Palha, uma parede em vidro mostra uma gruta onde crescem plantas. Na Casa da Gruta, a cama está instalada precisamente dentro de uma gruta.

Todas as casas e quartos têm privacidade, uma boa vista e o conforto esperado num lugar pensado para o descanso. Houve intenção de recriar algum ambiente de uma casa madeirense “onde as ervas aromáticas se misturam com as flores”. Nas casas foram construídas ‘latadas’ para as vinhas e para as aboboreiras.

A Casa do Chefe, integrada no edifício principal, é um laboratório de experiências, em que o cliente tem a oportunidade de combinar a estadia com as criações gastronómicas feitas pelo chefe na própria casa.

O antigo proprietário era boticário, nome dado a uma das casas. A propriedade é de 1685. Resulta do desmembramento de parte dos terrenos do Convento de São Francisco, na Calheta.

O solar foi remodelado no final do século XVIII com recurso à técnica das gaiolas pombalinas, uma construção antissísmica. Uma dessas estruturas passou a ser o principal elemento de decoração da zona de receção e sala de estar.

Houve uma preocupação com o minimalismo e verificou-se uma grande identidade entre Octávio Freitas e a equipa da MSB Arquitetos, liderada por Susana Jesus. Um exemplo é as vilas onde se concentram os quartos standard, dos quais apenas os janelões sobressaem, com os seus aros metálicos, pensados para oxidarem e com o seu tom vermelho-alaranjado se misturarem na paisagem.

O hotel está enquadrado na paisagem. Não cresceu em demasia pela encosta, antes, pelo contrário. Os arquitetos criaram espaço na própria rocha, fazendo com que as casas acompanhem a orografia.

O Socalco tem a ver com agricultura. Octávio Freitas preocupa-se com a sustentabilidade e quer desenvolver a permacultura.

As hortas, as ervas aromáticas e a vinha estão a crescer. Com o passar do tempo vão preenchendo os terrenos bem cuidados pelo pai do próprio chefe. É “o recriar da minha infância”, diz apesar de reconhece estar na moda os chefes falarem da infância. Neste caso, garante, não se trata de um clichê.

A produção não se destina apenas ao consumo próprio. “A ideia é fazermos um mercadinho de domingo, uma forma de os nossos hóspedes ou visitantes, poderem comprar a sua caixa de vegetais”.

E para quem gosta da vida no campo e não quer apenas apreciar a vista, ou aproveitar a piscina, que o chefe chama de poço, pode meter mãos à obra e aproveitar a agricultura.

28-02-2021 in Essential Madeira
Socalco
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